Educação inclusiva e valorização dos professores
Palestrante
Desmistificando a educação: falando sobre inclusão e transtornos mentais de forma casual e realista.
Textos
O homem rico e as crianças do lixão
        O lixão era imenso e fétido. Todos os dias, uma vez pela manhã e outra vez no final da tarde, cerca de cinquenta crianças órfãs chegavam ali para dividirem com os abutres os restos de alimentos e procurarem alguma coisa — objetos, roupas, calçados, plásticos, papelão — que lhes servissem. Eram meninos e meninas entre dois e oito anos de idade que viviam em barraquinhos de plástico e papelão. De vez em quando eram vistas nas ruas da cidade, pedindo dinheiro nos semáforos ou próximas a algum restaurante ou lanchonete. Saíam divididas em grupos menores, sempre comandadas por outra criança mais velha.

         Um senhor de cabelos brancos e muito rico, certo dia, passou a observá-las mais de perto e, como possuía uma chácara próxima à cidade, resolveu adaptar e ampliar um enorme galpão que havia servido antigamente para a ordenha de vacas leiteiras. Mandou limpar tudo, fazer divisórias, construir banheiros e um refeitório. Depois de tudo pronto, pintado e mobiliado, chamou sua mulher e dois empregados e dirigiram-se ao lixão num final de tarde. O coração dos empregados e de sua esposa batia forte de alegria diante da boa ação que no nobre estava para fazer.

           Ao chegarem ao lixão, acompanhados por um micro-ônibus, o bondoso ancião desceu de seu carro, que ele mesmo dirigia, postou-se de pé em um lugar mais elevado e pôs-se a observar as crianças. Após alguns minutos, já tendo lhes despertado a curiosidade infantil, ele disse aos dois empregados que reunissem doze delas, previamente selecionadas por ele, para que com elas pudesse conversar. As doze crianças, a propósito, eram quatro meninas, com idade entre três e sete anos, e oito meninos, com idade entre três e oito anos. Dois eram irmãos.

          Uma vez junto a elas, explicou-lhes que seu coração havia sido tocado pela compaixão ao vê-las na cidade, pedindo restos de comida e esmolas, e que desejava leva-las para uma chácara, onde teriam roupas limpas, comida, cama, um pomar onde brincarem e também escola. Todas se alegraram. Então ele pediu à esposa que as conduzisse para dentro do micro-ônibus. Tendo sido fechada a porta, os dois empregados e sua mulher questionaram por que ele não levava todas as crianças, mas apenas doze delas. Afinal, havia na chácara espaço suficiente para todas elas. Para trás estavam ficando duas criancinhas de dois anos, irmãs, que choravam pedindo para ir, pois não queriam se separar de uma prima mais velha.

          Sério, o ancião respondeu:

          — Eu decido o que faço e deixo de fazer.

          — Mas qual o critério para escolher apenas algumas? — quis saber a esposa.

          — Nenhum. Decidi assim, e assim será.
Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 25/06/2014
Alterado em 30/06/2014
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"Não existe quem seja incapaz de frequentar a escola. Existe escola que não se capacita para incluir." Carol Souza (@carolsouza_autistando)
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PALESTRANTE, Professor de Língua Portuguesa e Literatura aposentado