Educação inclusiva e valorização dos professores
Palestrante
Desmistificando a educação: falando sobre inclusão e transtornos mentais de forma casual e realista.
Textos
                Cidadãos e eleitores: a posição politicamente correta

                                                                                                         *Prof. Maurício Apolinário

          A política brasileira (ou politicagem?) nos tem decepcionado muito ao longo de nossa história, intensificando-se ainda mais nas últimas décadas. Iniciamos o século XXI com tantas falcatruas nas três esferas administrativas, com a imprensa enfatizando os acontecimentos – algumas vezes além dos fatos -, que até pensamos em deixar de votar. As esperanças em novos tempos vão se arrefecendo a cada eleição, principalmente a partir de 2003, haja vista que houve uma certa decepção daqueles que esperavam uma mudança séria, pautada na ética e na moralidade. O Brasil um país continental, cheio de problemas sociais e desigualdades, e os governantes preferem um povo submisso, sem cultura e sem informação que o leve a uma posição crítica e reflexiva para avaliar as conseqüências políticas.
           O termo política, derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), significa: 1. Ciência dos fenômenos referentes ao Estado; ciência política. 2. Sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos. 3. Arte de bem governar os povos. 4. Conjunto de objetivos que enformam determinado programa de ação governamental e condicionam a sua execução. 5. Princípio doutrinário que caracteriza a estrutura constitucional do Estado. 6. Posição ideológica a respeito dos fins do Estado (1). Para os gregos, o termo indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana (2).
          Uma das definições supracitadas que chama a atenção é que política seria “a arte de bem governar os povos”. Trazendo esse significado para o contexto do Brasil atual, percebemos que o advérbio “bem” está relativisado não ao substantivo “povos”, mas a uma subliminar série de interesses individuais, de grupos político-partidários, sócio-econômicos, sócio-ideológicos e classistas.
          Infelizmente, em nossos dias, especialmente no Brasil, não é muito fácil nem muito saudável discutir a questão política, haja vista que estamos carregados de desconfianças em relação aos homens do poder. São escândalos atrás de escândalos. A omissão não é a atitude ideal, pois quem se omite delega a outros a opção de escolha por nós, isso em qualquer aspecto de nossas vidas (3). Na opinião de Schroeder, a política está privatizada no Brasil e cada um cuida de interesses de seu grupo. Ele afirma que, em nosso país, vivemos uma inversão de papéis, haja vista que o povo, que deveria governar através de seus representantes, é governado por aqueles que o representam. Além disso, para muitos, eleger um político é dar-lhe um emprego, quando na verdade é fazê-lo seu representante (4).
          Que posição deve tomar o cidadão diante dessa realidade política brasileira?
          Em primeiro lugar, deve-se abandonar o fanatismo, que é um mal em qualquer segmento. Uma pessoa fanática não consegue ver as coisas por um ângulo mais aberto. A mente de quem tem um espírito fanático é fechada, e a pessoa recusa-se até mesmo a analisar um pensamento contrário ao que ela acha ser verdade. Além de dogmática, é intolerante e dada a discussões calorosas sobre seus pontos de vista. Tais pessoas julgam-se “senhoras da verdade”. Percebemos que uma pessoa é fanática quando, em discussões acaloradas em volta de determinados pontos de vista, ela agride com palavras e ferve por dentro. Essa evidência é bem clara, pois há um zelo cego no fanático, que o leva à briga e à intolerância. O fanático político-partidário torna-se cego diante da realidade e briga por qualquer motivo (5). Infelizmente, mesmo pessoas ditas ‘cultas’, com nível superior, mestrado e até doutorado, que deveriam agir dentro do bom senso e da maturidade, são extremamente fanáticas. Deixar de lado o fanatismo não é algo tão fácil assim.
          Em segundo lugar, a classe social menos privilegiada financeiramente deve abandonar o paternalismo político, cuja finalidade maior dos políticos é dissimular o excesso de autoridade sob a forma de proteção (6). Dessa forma, mantém escravizados psicologicamente seus eleitores e conquistam novos por meio de doações, sejam lotes, cestas básicas, bolsas. Esse é um cancro enraizado na cultura política brasileira e que precisa ser erradicado. Infelizmente, o número de pessoas que querem se beneficiar dessa artimanha política eleitoreira aumenta cada vez mais. Abandonar o paternalismo é, pois, mais difícil ainda.
          Em terceiro lugar - e somado aos anteriores - os cidadãos, sejam eleitores ou não, devem tomar uma posição apolítica e apartidária. Assim, ficando na condição de expectador, vendo o conjunto, o todo, poderá exercer um pensamento crítico de toda a situação e agir com bom senso. E bom senso é o que mais tem faltado aos nossos eleitores. Mas não basta ser de nome, deve-se ser de fato. Muitos que dizem ter uma visão apartidária trazem nas entrelinhas uma mensagem subliminar de oposição a um partido ou a um governo específico. Oposição não é apartidária, é uma outra ideologia política. Entretanto, como tomar uma posição apolítica e partidária é tomar uma posição inteligente, de bom senso, de pessoa amadurecida, é deixar a ‘cegueira’ de lado, isso é muito difícil.
Destarte, abandonando o fanatismo e rejeitando o paternalismo político, o cidadão brasileiro, com um pensamento apolítico e apartidário, poderá, a médio e em longo prazo, mudar a situação que de forma indignada vivemos em nosso país.

Referências:
(1) Dicionário Aurélio Eletrônico.
(2) Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica>. Acesso em 31 jul 2007.
(3) O que é política. Disponível em: <http://www.camarassis.pr.gov.br/oq%20e%20politicaa.htm>. Acesso em: 31 jul 2007.
(4) Rev. Airton S. Schroeder. Disponível em: < http://www.diaconia.org.br/noticia.php?id=299>. Acesso em 31 jul 2007.
(5) MILHOMENS, Valnice. Personalidades restauradas. São Paulo: Edição do autor, 1992. In APOLINÁRIO, Maurício. A arte da guerra para professores. Brasília: Thesaurus, 2007.
(6) Dicionário Aurélio Eletrônico.

*Prof. Maurício Apolinário
é autor do livro “A arte da guerra para professores”
Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 01/08/2007
Alterado em 20/08/2007
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"Não existe quem seja incapaz de frequentar a escola. Existe escola que não se capacita para incluir." Carol Souza (@carolsouza_autistando)
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